


Eduardo Mok

Ando pela rua
Perdido por aí
A cidade escura
Tropeço sem cair
Ando pela rua
Não tenho ninguem
É noite de chuva
Ando pela rua
Dói tanto de saudade
Tenho medo de esquecer
Seu rosto
Seu sorriso e sua voz

Tenho dito e ponto
Não me faça repetir
O que você sempre soube
Mas preferiu fingir
Estou partindo
Já é tempo
Pertenço à lugar nenhum
À você uma dose de lamento
E um trago de bourbon
Um café
Um cigarro
Nessa estrada eu vou só
Toda dor
Toda mágoa
Toda mágoa há de curar
Bourbon blues
Errante como bourbon

Explodi a ponte
Derrubei as cercas
Esmurrei tua porta em vão
Você partiu
E levou junto o meu coração
O coração de um
Vira-lata na beira da estrada
Esperando o que vai acontecer
Nenhum osso, nenhum destino
Onde será seu proximo amanhecer
Blues é a vida de um cão
Sem um fio de esperança
Sem teto ou compaixão
Cão ferido
Vira-latas blues
Beco escuro, perigo iminente
Nessa vida, selva de sombras
Todo dia nessa luta insana
Olho por olho e dente por dente


Hoje
Sou mais forte
Hoje
Sei quem sou
Tenho 6 cordas de aço
Nervos de pedra
E ao abismo ao abismo
Nao voltarei
E o tempo tempo tempo
tempo que passou
Congelou meu coração
Engessou minha alma
Se há esperança eu não sei
Até onde o mar em fúria avança eu não sei
Se vai haver bonança e paz
E quando você for me procurar
Rastejando por perdão
Que eu nao poderei te dar

Amanheceu
Nossos corpos nus
O seu perfume
Nosso suor
Toda a paz do mundo
Viver assim é...
Escuto o som que invade a madrugada
Da janela o galho enverga ao vento
A felicidade engana o tempo
A estrada expõe os vincos da minha cara
Aconteceu
E hoje somos um
O seu sorriso
Meu mau humor
Toda a paz do mundo
Viver assim é
Ser feliz
Ser feliz

Numa capa de Coltrane
Uma foto desbotada
O sorriso de uma dama
As lembranças do passado...
No papel que se desfaz
Tão marcado pelo tempo
Dedicava em letra doce
From your Little butterfly
O inverno que se faz
E o vento frio de saudade
O coração que sangra
Por onde anda butterfly

Vampira mimada
Você fumou do meu
Você bebeu da minha, garota
O que eu penso de você
Cabe em menos de uma linha
Me vendeu um amanhã ensolarado
E eu comprei
Comprei tuas nuvens de algodão
Comprei tua cara de santa
Teu pacote traição
Você é
Mimada, bajulada
Fazendo de coitada pra se dar bem
Chupa sangue e cospe fogo
Garota...
vampiro dragão

Se tudo deu Errado
E a esperença já se foi
Amanheceu nublado
Nao quer dizer que o sol morreu
Lá no alto desse vale
abutres à sorrir
Junte os pedaços
Cole os cacos
Volte a existir
Se você é culpado
Carregando toda a dor
Nuvem negra nuvem negra
Tanta ira sobre mim
o peso dessa Terra
So os fracos nao choram
Só os tolos e mortos não erram

Um documento
Assinado
Todo ele escrito a mão
Seu diabo apareça
Vem provar se existe ou não
Papel de seda
Letra redonda
Nada lembrava o coisa ruim
Mas assinava: capeta
E pedia perdão pra mim
Fazendo as pazes com o diabo
Até que ele apareceu
Sentou-se a mesa
Terno e gravata
Perfume caro e na porta um carrão
Pregava paz, se desculpava
Por tanta desilusão
Sorriso largo
Dente de ouro
Olhar profundo, pegou na minha mão
Desejou felicidade
Que até tocou meu coração
Pazes com o diabo
Pazes com o diabo
Quando se foi levou minha alma